Supostamente todos os anos digo a mesma coisa, o tom varia consoante as circunstâncias de cada exibição. Quando calha a um sábado de sol, o dia todo, o tom aumenta bastante de volume acompanhado de movimentos e palavreados dos quais eu não me orgulho muito.
Já foram muitos anos, já não é a mesma emoção nem um acontecimento à volta do qual se gere o meu fim de semana. Já não há o nervosismo, o stress. É mecanico: chegar, vestir, pintar, aquecer, dançar e literalmente dar de frosques.
Mas depois nunca é assim. Apesar de não haver stress, a emoçãozinha ainda aparece. O ambiente é animado, o aquecimento uma galhofa, e as coleguinhas são o rir. Depois vem o teste de som e de luzes.. dá sempre o toque profissional. O vestir, pintar..apesar de ser sempre a mesma coisa, não deixa de ter a sua graça...
E finalmente vêm os minutos antes da entrada em palco. É o melhor. O backstage de um espéctaculo, de qualquer dimensão, é já de si um espéctaculo. Amontoados de gente à espera de entrar, pessoas de microfone a falarem com 4 pessoas ao mesmo tempo, e homenzinhos a andarem de um lado para o outro a fazerem coisas que ninguém sabe bem o que são; isto tudo acompanhado por uma musica de fundo que acompanha as silhuetas dos que estão a actuar, todos concentrados em abstrair-se dessa confusão, e que a plateia de olhos postos neles nunca chega a perceber.
A exibição em si passa a correr. No segundo em que a musica começa tudo desaparece.. Somos só nós e o que temos de fazer. Olha-se para a frente, mas nunca para o público. Tem-se em atenção o que as outras estão a fazer para sincronizar movimentos, mas nunca se olha para elas. Percebe-se que alguém se enganou ou caiu, mas não se ri ou diz palavrões. Isso fica para o fim, de regresso ao backstage, a comentar o que correu bem, mal e gozar com quem se enganou. O espéctaculo continua, mas não se dá por isso. É voltar ao balneário, despir, despintar, despedir e ir embora.
Este é o ultimo ano de exibições.
Ya. Sim sim... Morde aqui a ver se eu acredito.
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