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May 24, 2007

Lendo o Metro

Este jovem até tem a sua graça...
Diana e as Princesas
Nunca percebi muito bem esta obsessão que as pessoas têm pelas princesas e o absoluto desprezo a que vetam os príncipes. No mundo das meninas-crianças, penso que não haverá nenhuma que já não tenha sido chamada de princezinha, o que, se pensarmos bem, não acontece com os rapazes, que desde sempre confundiram a figura com alguém que usa collants verdes e que não perde um Carnaval da Mealhada.
A princesa mais conhecida dos últimos tempos terá sido Diana Spencer e, a confirmar-se a quantidade de relacionamentos que teve durante e depois do casamento, não é de estranhar que a tivessem baptizado como a “Princesa do Povo”.
A mim ninguém me tira a ideia de que o fenómeno Diana Spencer se deve a uma coisa simples: era bonita. E por mais que custe a aceitar esta realidade, a verdade é que a princesa correspondia a todos os protótipos de beleza que cedo se convencionaram para uma princesa. O facto de ser bela, associado a uma timidez compassiva, fez o resto e multiplicaram-se as capas de revista que a mostravam ao mundo.Diana era adorada , venerada até. E o trágico acidente que a vitimou veio acentuar esta admiração, pelo que até aqui estamos conversados.
Agora, o que proponho para reflexão é isto: será que teria igual projecção se não fosse extraordinariamente bonita? Creio que não, pois se olharmos bem para a família real na vizinha Espanha, percebemos que o facto de as duas filhas do rei Juan Carlos não serem propriamente bonitas — reparem que eu não usei o termo “cachalotes” — fez com que as revistas só voltassem a dar-lhes atenção aquando da entrada em cena de Letizia, divorciada gira, figura da TV e sonho de qualquer rapazinho com dois dedos de testa.
Convenhamos, o principado do Mónaco atravessa uma situação em tudo semelhante e, com o desaparecimento prematuro de Grace Kelly, as esperanças de sucessão começaram a dissipar-se quando se percebeu que Carolina era demasiado distante para a proximidade que a imprensa cor-de-rosa pretendia e Stéphanie, em vez de se envolver com meninos ricos de Saint- Tropez, emprestava a sua libido a seguranças e artistas de circo.
Isto claro, até agora, porque não é difícil perceber que as coisas mudarão em breve quando Charlotte Casiraghi, a estupenda filha de Carolina, crescer só mais um bocadinho — Por favor! duas ou três fotografias na praia, em poses pouco ortodoxas, não custa assim tanto — e tiver uns dois ou três namorados que armem confusão à porta de uma qualquer discoteca. É só o que basta, a partir daqui, não tenham dúvidas de que ela será imparável, imbatível — é o número 10, joga com os dois pés — e um fenómeno tão grande ou mesmo superior a todos os outros já aqui referenciados (guardem este parágrafo para daqui a algum tempo poderem afirmar que sou um visionário e me venerarem para o resto dos vossos dias).
Em relação à realeza portuguesa, é ainda muito cedo para perceber o que aí vem, mas de qualquer modo o mais importante é trabalharmos no sentido de sermos capa da “Hola!”, custe o que custar. Sabotaremos a estante das revistas dos salões de cabeleireiro, os salões de chá no Intendente e sobretudo as salas de espera dos consultórios.
A “Hola” será nossa, Olivença também!

Fernando Alvim, Jornal Metro

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